Tremac, Filip.
(2016).
O estilo literário de Mia Couto na obra “Vozes anoitecidas”.
Diploma Thesis. Filozofski fakultet u Zagrebu, Department of Roman Languages and Literature.
[mentor Bojić, Majda].
Abstract
A literatura moçambicana desenvolvia-se lentamente. Ainda nas primeiras décadas do século XX faltavam as instituções literárias adequadas, as editoras e até os leitores em número maior. Mas finalmente conseguiu consolidar-se depois da independência nos anos 70 com uma nova geração literária que incluía Mia Couto. Podemos afirmar que nesta década a literatura moçambicana se estabiliza como um sistema literário reconhecido não só no país mas também internacionalmente.
Mia Couto, hoje, tem 60 anos e além de ser escritor, é biólogo, e professor. Escreveu mais de 30 livros. É ainda um dos escritores mais famosos e traduzidos não só no mundo lusófono mas também globalmente. Portanto, as obras dele são publicadas em mais de 20 países. Já recebeu numerosos prémios literários pelo seu estilo de escrita. O autor narra sobre diversos temas nas obras (a guerra, a política, o quotidiano do povo, a morte, a violência contra a mulher...).
Mia Couto cria, recria e renova a língua portuguesa inventando palavras e usando diferentes processos de criação lexical (prefixação, sufixação, composição, amálgama lexical). Igualmente utiliza o léxico de diferentes partes de Moçambique e aproveita o contacto de várias culturas para produzir um novo modelo de narrativa. O uso do português, uma língua europeia, no território africano resultou em diferentes variedades locais. Na sua escrita, Couto combina a norma europeia do português com as línguas bantas de modo que cria um discurso literário original e muito autêntico. Uma expressão literária de maior expressividade, criatividade e liberdade. A língua é um sistema em constante mudança e parece que Mia Couto sabe aproveitar tudo o que ela oferece com tanta facilidade.
O autor relaciona os elementos da cultura tradicional com elementos modernos e transmite aos leitores as crenças, as tradições e os costumes dos povos africanos. Também, ensina aos leitores sobre os valores da tradição e do passado e sobre a relação entre natureza e homem. Os mitos que estão presentes na narrativa de Couto tentam preservar as raízes e a memória coletiva moçambicana.
Nos 12 contos da obra Vozes anoitecidas o autor utiliza a tradição africana, a oralidade, uma linguagem coloquial cheia de inovações linguísticas, e os traços do fantástico para retratar os problemas quotidianos do povo moçambicano. Usando o humor o escritor revela os acontecimentos mais trágicos daqueles que sofrem pela miséria e pobreza e que têm muitas dificuldades no dia a dia. Além disso, usa ironia e humor negro para criticar a sociedade, a guerra civil, e a ideologia política do país.
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